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Carta ao meu marido Vídeo 5´00 Série “Undressing” Látex e chá verde. 49 x 90 x 5 cm
No universo da roupa. Na terra do figurino. A existência é tingida. Travestimos o planeta. Quem desenhou nossa alma? Quem me viu? Você me vê? Esse tal de espelho meu, sou eu. A forma exterior é o piano, o interior é a música. Qual você quer tocar? O conceito de sua elegância, segundo Dona Mendonça, é coisa de gente preguiçosa. A beleza a gente inventa. Porque conceituar se você pode tocar? Domine a classe e escolha os acordes. Domine a ideologia e poderá reger a orquestra. Veja quantas joias poderá identificar numa composição rica de gente “bem-criada”. As épocas determinam a aceitação. Não quero saber sua opinião. Apenas lembre-se do chapéu. Não esqueça do meu colar de baguetes. Qual é o seu símbolo? Em que pessoa você se apresenta nos dias de hoje? Suas pantalonas mais parecem uma capa de sofá. Fique à vontade e sentarão confortavelmente em seus conceitos. O revestimento da minha moral é bege de seda chiffon. Minha liberdade poética nada tem a ver com suas planilhas do excel. Por quantos anos preencherá essas linhas que faltam na nossa funcionalidade? Faça um regime e será governado em boa forma. Quantos funks terei que compor para que seu julgamento não me entedie? Jogue fora os números e calce seu Yamamoto vermelho. Já estão começando a falar. Não rezarei o pai nosso. Não me vestirei de preto. O tempo da paciência se esgota junto com o que nos faz perceber o nosso reflexo. As olheiras marcam a face de quem sonha de olhos abertos. Alcebíades não pode me defender. Reflita-me! Enxerga-me! Este sapato está muito apertado e as bolhas já estamparam a minha pele. As linhas se esgotarão junto com este figurino que não me pertence. Leve contigo minha forma para que eu possa descansar em paz. Carta ao meu marido. Paula Blower, 2013.
“Para que conceituar se você pode tocar? ” Paula questiona – a ela e a nós -, em Carta ao meu marido, nossas concepções fechadas que buscam significado em todo ato, todo texto. Por que não evocar as sensações? Porque não sentir o outro em seu mais puro fluxo? Por que não? Descontrói-se os conceitos pré-estabelecidos e um campo de possibilidades é aberto em que o indivíduo pode ser isto, isso, aquilo - planta animal, borracha, pó; pode ser outro. “Eu sou és tu”. Não há homem ou mulher, em sua travessia pelos conflitos e insegurança humana, o que há é a força da linguagem feminina, o diálogo com o outro, os modos de estar no mundo: como mostrar-me?
Bruna Freitas
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