// Sem título // videoarte // 16:9 Widescreen [cor] // 2016

 

A cidade se move, agita suas peças e confunde pessoas, desse modo o indivíduo é tão afetado pela cidade quanto a cidade pelo individuo, os dois, ao mesmo tempo em que se provocam, desviam-se da própria especificidade resultando em um distanciamento entre as duas partes. O que ocorre aqui é o esquecimento mesmo com a memória afetiva latente; o fluxo é incessante, entra por nossas portas e janelas lembrando-nos que estamos num organismo que não para, que somos parte dele, como as veias que pulsam o sangue continuamente no dia-a-dia para o funcionamento do corpo, como as peças nas máquinas em uma fábrica que funciona sem parar revezando o turno entre seus funcionários para uma produção de grande escala, assim é a cidade, assim as artistas do coletivo LARANJA percebem a cidade: Uma correnteza contínua de produção de memórias, renda, sons, imagens, sensações, inquietudes e curiosidades que contrastam com a solidão gelada do concreto tampando a visão do céu e aglomerando pessoas, ao mesmo tempo em que as afastam e as tornam mais individuais deixando diluir a história do local. É sobretudo uma cidade que se sobrepõem e o esquecimento que se constitui no vazio.Ao reunir fragmentos, o excerto torna possível sentir saudade de uma vida que não vivemos, de um lugar que não habitamos, de corpos que não encontramos e de um perfume que reconhecemos, mas não identificamos. É provável que o resto que sobrou do telhado desabe, talvez a música não toque mais e só sobrem os ruídos do vento nas vidraças quebradas. Vida que segue. De memórias ficcionais desenhadas com afeto e uma presença-ausência determinante à lembrança inalcançável, esse lugar não é sobre a arquitetura, mas o que compartilhamos. Um lugar outro que se reconfigura a todo o tempo a partir da sua ocupação. Encontramos quem esteve ali um dia e deixou as paredes inundadas.

(Testo extraído do portfólio do coletivo)

 

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